segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Coluna do Hyder - Fabio "Hyder" Azevedo

Dez anos de nostalgia

Olá pessoal. Muita coisa ocorreu neste intervalo de tempo desde quando escrevia constantemente para o site Champ Car Brasil. Desde então, ando ocupado, executando projetos profissionais e pessoais. A coluna de estréia no blog vai tratar de fatos esportivos marcantes para mim, corridos a partir do final da década de 1990, período vitorioso, que em minha mente, é como se tivessem ocorrido ontem.

Nesses últimos dez anos, o Brasil (e principalmente o Rio de Janeiro) conseguiu realizar os Jogos Pan-americanos de 2007, conquistou o direito de organizar novamente a Copa do Mundo de Futebol de 2014, além de ser o primeiro país sul-americano a promover os Jogos Olímpicos em 2016.

A Nação elevou seus indicadores sociais e econômicos, principalmente após a eleição de um ex-operário ao principal cargo diretivo brasileiro. Apesar da fase de incerteza e desemprego em diversas empresas e nações, consequência da crise com o mercado imobiliário nos Estados Unidos, nestes últimos meses, o Brasil se destacar, sendo uma das economias menos afetadas. Infelizmente, o automobilismo, foi uma das áreas mais afetadas pela crise de crédito.

Mesmo voltando a termos representantes de peso na Fórmula 1 e conquistamos o topo do automobilismo de monoposto norte-americano, tivemos o desaparecimento da Cart (Championship Auto Racing Teams), antiga promotora da Fórmula Indy, juntamente com o sumiço de equipes tradicionais, a aposentadoria de alguns pilotos e outros que voltaram a vencer depois de um longo jejum. Alguns pilotos e dirigentes, infelizmente, não estão mais entre nós. Como é o caso do Gonzalo Rodríguez, Walter Payton, Carl Hogan, Paul Newman e o saudoso Greg Moore.

Tive a oportunidade de conhecer essa gente quando trabalhava com o automobilismo e motovelocidade durante as provas que ocorriam no então ativo circuito de Jacarepaguá. Acompanhei os títulos de Alex Criville, Kenny Roberts e Valentino Rossi, assim como também presenciei uma vitória magnífica do inesquecível japonês voador Norick Abe, em 1999. O hoje condenado Autódromo Internacional Nélson Piquet sediou momentos marcantes para o esporte brasileiro e internacional e por sorte, estive presente na maioria deles.

A Cidade Maravilhosa, graças a algumas "orelhadas" do César Maia, perdeu os grandes eventos (Fórmula Indy e MotoGP). Não foi um ato isolado. Outras praças automobilísticas nacionais também sofreram com o descaso e a incompetência de políticos locais ao longo dos anos. Um grande exemplo é o autódromo de Goiânia, que não possui asfalto decente desde 1998. Ironicamente, a dupla de políticos, que antes estavam unidos na destruição de Jacarepaguá, e estão agora aparentemente rompidos levantaram a voz, incentivando a construção de uma nova pista em Deodoro - que confesso não acreditar muito que saia do papel. Falo do César Maia e de Alfredo Sirkis.

Confesso que a saudosa Fórmula Indy (Cart, ChampCar World Series ou mesmo PPG-IndyCar World Series) foi a categoria que trouxe mais alegria para este colunista. Daquela turma com quem eu convivi, gostaria de relembrar passagens de dois sujeitos especiais: do Greg e não menos importante, do Gil de Ferran.

No dia 31 de outubro de 1999, Greg Moore nos deixou naquele acidente horroroso em Fontana. A tarde prometia ser festiva, graças à batalha pelo título travada entre o colombiano Juan Pablo Montoya, da Ganassi, e o escocês Dario Franchitti, da Green. Adrian Fernandez estava pilotando muito bem naquele final de semana com seu Reynard Cosworth da equipe Patrick e outro destaque era o brasileiro Christian Fittipaldi, que sempre guiava seu Swift Ford da Newman Haas com cautela e estratégia nos super ovais, para dar o bote nas voltas finais.

O duelo ficou conhecido como a “Batalha de Fontana” já que a Cart, por intermédio do seu departamento de marketing promoveu essa prova como um autêntico confronto de gigantes, numa temporada maravilhosa, onde nada menos que nove pilotos venceram corridas. Entretanto, isso deixou de ter significado quando Greg saiu da pista a cerca de 360 km/h, na 10ª volta, capotando diversas vezes e batendo contra a rede de proteção, destruindo completamente o monoposto.

Tínhamos quase a mesma idade (ele era alguns meses mais velho e nasceu no mesmo dia que minha mãe) e recordo que uma de nossas últimas conversas foi no final de sua participação na Rio 200 em 1999. O perguntei sobre a dificuldade de guiar o Reynard Mercedes da Forsythe e se os rumores que o colocavam na Penske para 2000 procediam. Sobre seu carro, ele respondeu com um resmungo, demonstrando insatisfação. Para o segundo questionamento ele somente riu, fazendo mistério.

Algumas semanas se passaram e finalmente fui saber da verdade, e escrevi na época que seria espetacular trabalhar junto com ele. Algum tempo depois, falei com ele pela última vez, desejando-lhe sorte na etapa de Surfer's Paradise. Semanas antes, ocorreu a apresentação dele como piloto da Penske no Firebird International Raceway. Infelizmente o destino dele já estava escrito.

Naquele fim de ano, tanto Greg quanto o Gil de Ferran estavam apenas cumprindo os contratos em suas antigas equipes, cientes que não dispunham de equipamento para brigar em igualdade com os carros da Green e Ganassi. Nos treinos de sexta-feira em Fontana, ele fraturou um dedo ficou com 15 pontos na mão direita ao se acidentar na área do pit lane ao ser atropelado por uma caminhonete. Ameaçado de não correr, Roberto Moreno foi chamado para substituí-lo. Porém os anos passados ao lado dos amigos do time de Gerry Forsythe e a gratidão à Player´s (tradicional tabagista que o patrocinou durante anos) o fizeram correr no sacrifício, para se despedir de sua antiga casa com uma grande atuação. Então ele se tornou mais um talento a desaparecer precocemente.

Passada essa década, ainda não surgiu nas pistas norte-americanas alguém com o talento de Greg Moore. Atualmente a Indy passa por um período com pilotos sofrendo de uma deficiência técnica muito grande, não sendo um ambiente para desenvolvimento pilotos de ponta, situação agravada pelo pacote técnico da categoria, que não oferece mais oportunidades de evolução para os pilotos. Antes, as equipes da antiga Cart trocavam de carro todos os anos, sempre com grandes evoluções tecnológicas, além de uma diversidade e pistas que proporcionavam os desafios ideais para se evoluir o equipamento e a pilotagem.

Greg nos deixou, sendo duro para a comunidade Cart manter a motivação para o começo da temporada seguinte. Lembro que naquele ano de 2000, meu último ano na categoria, perguntei ao Tony Kanaan e para o italiano Massimiliano Papis como eles estavam se sentindo em relação ao que tinha ocorrido ao Greg e mesmo tendo se passado alguns meses da tragédia, eles não disfarçavam a tristeza de não mais encontrar o carro 99 no grid. Como disse o Max Papis naquela ocasião: "parece que foi ontem." Dizer que o canadense era popular no paddock beira a redundância. A Fundação Greg Moore encerrou as atividades em 2004, por falta de recursos, mas esse fato não impediu os pais do piloto de continuem com as ações de caridade, mesmo com o fim da entidade assistencial.

Sobre o Gil de Ferran, confesso que num primeiro momento não gostei muito dele. O achava um mauricinho, até meio mala, talvez por pertencer a uma equipe tradicional, mas sem vibração como era a Walker. Eu gostava de dizer, em tom de deboche, que os integrantes da Walker, lembravam a turma da Williams na Fórmula 1. Mudar para a Penske fez um bem danado para o franco-brasileiro.

Seu astral mudou para melhor, porém o que me chamou a atenção era o seu tremendo comprometimento com a causa Penske. Normalmente após os treinos, grande parte dos pilotos ficava um breve período no autódromo e depois rumavam para os hotéis ou aos eventos dos patrocinadores. O Gil procedia de maneira bem distinta da maioria. Quando acabavam os treinos na pista, ele ficava várias horas em reunião com os engenheiros, sempre buscando melhores acertos mecânicos e aerodinâmicos. Quis saber dele certa vez qual era a sensação de correr pela Penske. Ele me disse que é a mesma coisa de ser piloto da Ferrari na Fórmula 1. Concordei imediatamente com ele e ria por dentro ao perceber que aquele sujeito aparentemente fechado era na verdade um cara afável.

Os anos na Walker foram difíceis e o vice-campeonato de 1997 mascarou os problemas internos e as deficiências do carro. Depois que o Gil deixou a equipe do Derrik Walker, em 1999, o time entrou em decadência. Quatro anos depois, Gil encerraria sua trajetória na Penske com dois campeonatos da Fórmula Indy (versão Cart) e a conquista história de Indianápolis em 2003, sua temporada de despedida da Indy, ciclo encerrado com a vitória na última prova daquele ano, no oval do Texas.

Ele estava compromissado com o Eddie Jordan para guiar em seu time de Fórmula 1 em 2004, na sua segunda tentativa de disputar a principal categoria do automobilismo. Antes, seu mentor e amigo Jackie Stewart o convidou para ser seu primeiro piloto na Stewart Grand Prix F1 Team, vaga que acabou ficando com Rubens Barrichello. Então, no começo de 2004, Tony Renna, recém contratado pela Ganassi, espatifou seu carro num treino privado em Indianápolis, morrendo instantaneamente.

Quando soube do acidente, Roger Penske ligou imediatamente para Gil e lhe pediu para que desistisse desta empreitada (a Fórmula 1), pois ele não precisava provar nada para ninguém, e que era herói, um ídolo consagrado. Esse aconselhamento de um velho amigo, juntamente com a pressão da família, fizeram o campeão resolveu não seguir adiante com o projeto.

Devido à parceria existente desde 1996, Ferran tornou-se em 2005 o diretor esportivo do projeto Honda F1 na extinta equipe BAR e depois quando o time passou a ter o nome da montadora japonesa. Mesmo se esforçando ao máximo, usando sua experiência nas pistas mais seus famosos conhecimentos técnicos, ele percebeu que tinha entrado em uma enrascada e preferiu sair em 2007. Antes disso, Nick Fry, o diretor-geral da Honda, procurou de todas as maneiras, desgastar a imagem do brasileiro perante a cúpula da organização, a ponto de Gil pedir desistir de um cargo quase milionário.

Gil voltou aos Estados Unidos e, com o apoio da montadora japonesa, montou uma operação na ALMS – American LeMan Series – e, como de costume, tornou-se vencedor. E ainda salvou a carreira de Simon Pagenoud que estava esquecido depois falência da Champ Car World Series. Nesse ano, em Laguna Seca, ele fez sua despedida definitiva das pistas no lugar onde venceu pela primeira vez na Cart. E apesar de ser o grande homenageado daquele final de semana, fez questão de prestar as honras a um dos seus grandes ídolos - e também do automobilismo dos Estados Unidos - e grande amigo, Jim Hall, criador do lendário chassi Chaparral.

Aguarda-se para breve o anúncio oficial da entrada de sua equipe na Indy para o próximo ano. Espero que ele tenha sucesso como dirigente como teve como piloto. Infelizmente Gil não levou o campeonato na despedida do time na ALMS, mas sendo sincero, quem vão lembrar-se daqui a alguns anos da dupla composta por David Brabham e Scott Sharp? Os parceiros Gil de Ferran e Simon Pagenaud foi o grande destaque última etapa da temporada, mesmo não sendo capaz de bater a dupla campeã do campeonato 2009 na tabela de classificação.

Quis dar o devido destaque esses dois grandes pilotos já que, há 10 anos, haviam sido anunciados como companheiros de equipe. Com todo respeito e deferência aos heróis mais antigos - Rick Mears, Emerson Fittipaldi, Al Unser pai e o Júnior - Gil e Greg teriam formado uma dupla praticamente imbatível, páreo duríssimo para a concorrência.

Mas a realidade se mostrou diferente, e não poderia imagina que hoje estaria eu escrevendo sobre alguns fatos tristes, mas não são muitos felizmente. Porém, as adversidades não devem ser o enfoque da nossa vida – e sim os momentos de jubilo e alegria, não somente no esporte a motor, mas todos os dias, encarando as dificuldades com alegria e esperança.

Um grande abraço e fiquem com Deus.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Indy 2009: 17ª etapa - GP de Miami

17ª etapa - GP de Miami
Vitória e título para Franchitti

Pela primeira vez na sua história, o Homestead-Miami Speedway sediou a final do campeonato da Fórmula Indy. Inicialmente, quatro pontos separaram o líder Scott Dixon do pole Dario Franchitti. Ryan Briscoe era o terceiro com oito pontos de desvantagem. Para os companheiros da equipe Ganassi, o objetivo é simples: a vitória. Enquanto isso, Briscoe precisava vencer, além de liderar o maior número de voltas, na esperança de que Dixon não terminasse logo atrás dele.

Assim, sob essas probabilidades, os 23 pilotos inscritos partiram para as 200 voltas no oval de 1,5 milha. No fim, Franchitti levou pela segunda vez o título da Indy, depois de bater Briscoe e Dixon, graças a uma estratégia arriscada, que se revelou acertada. Briscoe e Dixon lideraram praticamente toda a prova, num duelo pelo primeiro lugar a que Franchitti assistiu sem se envolver, poupando etanol suficiente para evitar uma última parada para reabastecimento.

Quando os seus rivais entraram nos pits, o escocês assumiu a liderança nas últimas nove voltas, terminando à frente de Briscoe e de Dixon. Os três primeiros terminaram separados por cerca de seis segundos e com pelo menos uma volta de diferença sobre todos os outros pilotos. A corrida em Homestead registrou um recorde, ao ser desenvolver sem uma volta sequer sob bandeira amarela, a primeira vez que isso acontece nas habitualmente acidentadas corridas da Indy. Note-se que o novo campeão da Indy ficou sem combustível logo após fazer zerinhos para comemorar a vitória.

Franchitti reconheceu estar surpreso com a conquista. "Não pensei conseguir ganhar cinco corridas e o título no primeiro ano após o meu regresso. Sabia que pilotar para Ganassi significa ter bom equipamento, portanto era uma questão de saber se conseguia regressar à competição com e mesmo nível que tinha antes."

Nos últimos três anos é o segundo título de Franchitti na categoria, o primeiro fora com a Andretti Green. Para a Ganassi é seu sétimo título na Fórmula Indy. Ao venceu o título em 2007, decidiu passar para a Nascar. A crise financeira afetou o projeto e o piloto regressou à categoria, novamente para vencer. Apesar de não estar arrependido da mudança, garante que regressou para ficar. "Precisava fazer alguma coisa completamente diferente, ter umas férias, perceber o que estava a perder e decidir voltar – e voltar para a melhor equipe no paddock. Aprendi muitas coisas como piloto. Para pilotar na Nascar saí da minha zona de conforto, aprendi muitas coisas novas, algumas com aplicação na Indy. Isso fez de mim um piloto melhor, acho eu. Agora estou onde devo estar. Eu pertenço à Fórmula Indy."

Tony Kanaan, da Andretti Green, foi o melhor coadjuvante em Miami. Ao fazer uma prova de recuperação, depois de largar em décimo quinto, foi ganhando posições até chegar em quarto. Hélio Castro Neves, da Penske, terminou em quinto, seguido por Hideki Mutoh, da Andretti Green, e por Mário Moraes, da KV. Alex Lloyd, Tomas Scheckter e Justin Wilson completaram os dez primeiros. Raphael Matos, da Luczo Dragon, foi bem no treino classificatório, mas na corrida teve atuação discreta. Terminou em 14º, resultado que foi suficiente para derrotar Robert Doornbos na conquista do título de "Estreante do Ano".

Pela primeira vez em 25 anos, a tradicional equipe Newman Haas Lanigan, terminou uma temporada sem vencer pelo menos uma corrida, mesmo conquistando bons resultados em 2009, o time de Lincolnshire, amargou um ano interior longe do topo. Outra equipe de ponta a ficar em branco foi a Andretti Green, que mesmo contando com o campeão de 2004, o experiente Tony Kanaan, fez sua pior temporada desde a sua fundação no fim de 2002. Em 2010 foram anunciadas mudanças drásticas. Michael Andretti será o único proprietário, com seus antigos sócios Kim Green e Kevin Savoree se afastando da organização.

Na classificação final da temporada, Franchitti ficou com 616 pontos, 11 a mais do que Dixon, da Nova Zelândia, que terminou como vice-campeão. O australiano Briscoe foi o terceiro, com 604. O melhor brasileiro foi Castro Neves. O vencedor das 500 milhas de Indianápolis obteve 433 pontos e ficou na quarta posição. Kanaan foi o sexto colocado com 386.

GP de Miami
17ª etapa - 10/10/2009
Circuito oval de 1,502 milha
Homestead Miami Speedway - Homestead, Flórida (Estados Unidos)

1) Dario Franchitti (ESC/Ganassi), 200 voltas
2) Ryan Briscoe (AUS/Penske), a 4s7888
3) Scott Dixon (NZL/Ganassi), a 6s0206
4) Tony Kanaan (BRA/Andretti Green), a 1 volta
5) Hélio Castro Neves (BRA/Penske), a 1 volta
6) Hideki Mutoh (JAP/Andretti Green), a 2 voltas
7) Mário Moraes (BRA/KV), a 2 voltas
8) Alex Lloyd (ING/Newman Haas Lanigan), a 2 voltas
9) Tomas Scheckter (AFS/Dreyer & Reinbold), a 3 voltas
10) Justin Wilson (ING/Dale Coyne), a 3 voltas
11) Graham Rahal (EUA/Newman Haas Lanigan), a 3 voltas
12) Ed Carpenter (EUA/Vision), a 3 voltas
13) Ryan Hunter-Reay (EUA/Foyt), a 4 voltas
14) Raphael Matos (BRA/Luczo Dragon), a 4 voltas
15) Mike Conway (ING/Dreyer & Reinbold), a 5 voltas
16) Ernesto Viso (VEN/HVM), a 6 voltas
17) Milka Duno (VEN/Dreyer & Reinbold), a 6 voltas
18) Sarah Fisher (EUA/Fisher), a 13 voltas
19) Danica Patrick (EUA/Andretti Green), a 15 voltas
20) Robert Doornbos (HOL/HVM), 166 voltas
21) Dan Wheldon (ING/Panther), 150 voltas
22) Marco Andretti (EUA/Andretti Green), 68 voltas
23) Jaques Lazier (EUA/3G), 23 voltas

A classificação final da Fórmula Indy
1) Dario Franchitti (Ganassi) 616 pontos - campeão
2) Scott Dixon (Ganassi) 605 pontos
3) Ryan Briscoe (Penske) 604 pontos
4) Hélio Castro Neves (Penske) 433 pontos
5) Danica Patrick (Andretti Green) 393 pontos
6) Tony Kanaan (Andretti Green) 386 pontos
7) Graham Rahal (Newman Haas Lanigan) 385 pontos
8) Marco Andretti (Andretti Green) 380 pontos
9) Justin Wilson (Dale Coyne) 354 pontos
10) Dan Wheldon (Panther) 354 pontos
11) Hideki Mutoh (Andretti Green) 353 pontos
12) Ed Carpenter (Vision) 321 pontos
13) Raphael Matos (Luczo Dragon) 312 pontos
14) Mário Moraes (KV) 304 pontos
15) Ryan Hunter-Reay (Foyt) 298 pontos
16) Robert Doornbos (HVM) 283 pontos
17) Mike Conway (Dreyer & Reinbold) 261 pontos
18) Ernesto Viso (HVM) 248 pontos
19) Will Power (Penske) 215 pontos
20) Tomas Scheckter (Dreyer & Reinbold) 195 pontos
21) Oriol Servia (Newman Haas Lanigan) 115 pontos
22) Alex Tagliani (Conquest) 114 pontos
23) Paul Tracy (KV) 113 pontos
24) Milka Duno (Dreyer & Reinbold) 113 pontos
25) Sarah Fisher (Fisher) 89 pontos
26) Jacques Lazier (3G) 77 pontos
27) Richard Antinucci (3G) 63 pontos
28) Vitor Meira (Foyt) 62 pontos
29) Stanton Barrett (3G) 62 pontos
30) Alex Lloyd (Newman Haas Lanigan) 41 pontos
31) Darren Manning (Dreyer & Reinbold) 38 pontos
32) Townsend Bell (KV) 32 pontos
33) A.J. Foyt IV (Foyt) 26 pontos
34) Scott Sharp (Panther) 16 pontos
35) Nelson Philippe (HVM) 16 pontos
36) Kosuke Matsuura (Conquest) 12 pontos
37) John Andretti (Petty Dreyer & Reinbold) 12 pontos
38) Franck Montagny (Andretti Green) 12 pontos
39) Roger Yasukawa (Dreyer & Reinbold) 12 pontos
40) Davey Hamilton (Dreyer & Reinbold) 10 pontos

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Homestead-Miami Speedway

Por Bobby Rahal*

Após três semanas de intervalo, o circo da Fórmula Indy volta à ação no próximo sábado, dia 10 de outubro, às 18h00min (horário de Brasília), no circuito oval de Homestead, na Flórida, que será palco da última e 17ª etapa da temporada 2009. Quando os trabalhos começarem nessa sexta-feira, as atenções estarão voltadas a três pilotos de duas equipes. Scott Dixon e Dario Franchitti, da Ganassi, e Ryan Briscoe, da Penske, protagonizam uma disputa muito acirrada, com apenas oito pontos de diferença (570, 565 e 562) em 53 possíveis. O vencedor leva 50 pontos, tendo mais dois extras para quem liderar o mais número de voltas e um para o pole position.

Inaugurado em 1995, o Homestead-Miami Speedway é um circuito oval de 1,5 milhas de extensão e possui curvas com inclinação entre 18 e 20 graus, o que garante uma velocidade de contorno muito elevada. Os pilotos enfrentarão um Speedway velocíssimo e muito perigoso durante o decorrer da prova, ocorrendo sempre grandes acidentes e problemas dos mais diversos. O aumento de inclinação das curvas permite que os carros andem lado a lado, tornando as corridas mais rápidas e emocionantes. Os carros deverão andar embolados assim durante quase toda a prova. Há uma boa chance de que a chegada seja mais uma vez cinematográfica, decidida no photo finish.

O circuito, que tem capacidade para 65.000 pessoas, entrou no calendário da Indy (versão Cart) em 1996, permanecendo até 2000 como a primeira corrida da temporada. Inicialmente Homestead possuía uma configuração idêntica a de Indianápolis, com quatro retas unidas por quatro curvas em ângulos quase retos. Porém, como o traçado não tem a mesma extensão do oval de Indiana (4 milhas), os pilotos reduziam a marcha para poder contornar as curvas.

Essa configuração era considerada muito perigosa e para o ano seguinte foi realizada a primeira grande modificação: as curvas em ângulo reto foram eliminadas e o oval ficou com um formato parecido com a milha de Milwaukee: duas retas unidas por duas longas curvas de baixa inclinação.

Apesar de localizado próximo da cidade de Miami, Homestead nunca contou com grandes públicos. Tanto a Cart quanto a IRL (que passou a organizar a corrida a partir de 2001) jamais conseguiram levar multidões ao autódromo, ao contrário dos eventos da Nascar. Contribuiu para esse desinteresse as características do traçado, que impedia disputadas acirradas lado a lado e em poucas voltas dispersava os pilotos pela pista. Sem emoção e espetáculo não havia fãs.

Em 2003, a International Speedway Corporation (ISC), proprietária do circuito, programou mais mudanças radicais no circuito. A inclinação das curvas foi aumentada de 6 graus para 18 graus na parte baixa das curvas até 20 graus na parte alta das curvas (a inclinação é variável, aumentando de baixo para cima). O resultado desse trabalho foi que em 2004 a prova da Indy foi sensacional, com uma disputa selvagem entre Sam Hornish Jr. e Hélio Castro Neves pela vitória, com os dois andando lado a lado até a vitória de Hornish na linha de chegada. Apesar de um melhor espetáculo, o público ainda não aparece com a intensidade desejada.

Analisando histórico dos postulantes ao título em Homestead temos o seguinte: Scott Dixon, bicampeão da categoria e líder do campeonato, é o atual vencedor em Miami. Em 2003, venceu após largar na 13ª posição, conquistando também a primeira vitória do motor Toyota, em provas da IRL. O detalhe interessante, é que foram nesses dois anos que Dixon ganhou seus dois campeonatos. Dario Franchitti vem embalado com segundo lugar em Motegi. Mas suas estatísticas em Miami não jogam em seu favor. Seu melhor resultado foi um terceiro lugar em 1999 e o quarto lugar de 2006, num total de nove participações.

Ryan Briscoe é o último homem na disputa pelo título. Grande favorito até sua tolice Motegi na saída dos pits, o piloto da Penske perdeu duas posições na tabela de classificação. Ele chega à corrida final em terceiro lugar com oito pontos a menos do que Dixon. Para piorar, ele tem de melhorar bastante seu desempenho em relação a suas duas provas anteriores (2005 e 2008). No ano passado, largando na segunda fila, Briscoe abandonou na 126ª volta, quando era quinto, ao ser atingido na traseira de seu carro, na curva 2, por Milka Duno, que tinha rodado um pouco antes.

Um ícone da Indy vai tentar honrar sua história. A lendária equipe Newman Haas Lanigan, que faz uma temporada bem melhor em relação a 2008, ainda tenta evitar a fim de uma sua longa série vitoriosa de 25 anos. Em todo esse período, pelo menos uma vez por ano eles venceram uma corrida na Indy. Resta saber se Graham Rahal e Alex Lloyd alcançarão antes e irem para as férias.

Confira a programação para o GP de Miami, décima sétima etapa da temporada de 2009 da Fórmula Indy (horários de Brasília):

Sexta-feira (09/10)
10h15min - treino livre
14h30min - treino livre
17h30min - treino classificatório

Sábado (10/10)
18h00min - GP de Miami (200 voltas)

Vencedor em 2008: Scott Dixon (NZL)
Pole em 2008: Scott Dixon (NZL)

* com modificações

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Galeria da Fama: Gil de Ferran (parte 3)

A equipe Walker possuía melhor estrutura em relação à Hall, mas mesmo assim, não se encontrava no mesmo patamar de Ganassi, Penske e Newman Haas. Apesar disso, Gil sentia-se pronto para ser campeão, mesmo reconhecendo que tinha de evoluir nos ovais. "Gostaria muito de vencer num oval, mas tenho de aprender uns truques de acerto do carro."

Na abertura da temporada de 1997, no Homestead Miami Speedway, isso ficou bem evidente. Dois acidentes, um no treino classificatório, que o impediu de ser pole position, e o outro na corrida, quando se chocou com o retardatário Dennis Vitolo e abandonou a prova quando era líder. O excesso de arrojo estava comprometendo seu desempenho.

Em Surfer's Paradise, na Austrália, sua atitude imprudente dessa vez causou um grave acidente. Na segunda volta, deu uma batida por trás em Christian Fittipaldi que se chocou a 280 km/h contra o muro. Ele fraturou a tíbia direita em três pedaços, o perônio. Christian ficou afastando das pistas por quase a totalidade daquele ano. Enquanto isso, Gil chegou em quinto, após recuperar 18 posições perdidas graças a um pit stop não-programado. O acidente da Austrália deixou marcas em Ferran. Aquele piloto, que arriscava tudo nas primeiras voltas, era substituído por um Gil mais paciente.

Essa nova atitude parecia ter dado certo em Long Beach, pois largou na pole position. Sua melhor volta foi obtida na primeira sessão de treinos classificatórios, pois não chegou a ir à pista para o treino oficial por se envolveu em um sério acidente com Gualter Salles, que felizmente não deixou vítimas. O carro de Salles apresentou um problema no acelerador e ficou parado na pista em um local perigoso. Ferran, que vinha em uma volta rápida, acertou a traseira do carro de Salles, pois direção da prova estupidamente não interrompeu o treino. Na corrida, que tinha tudo para ser inesquecível, em acidente, o sétimo consecutivo. Gil perdeu a liderança para Alessandro Zanardi nos pits e estava em quarto, pressionando Maurício Gugelmin, quando errou o ponto de freada na curva 1 e bateu no muro. Ferran prometeu a si mesmo que nunca mais iria cometer outro erro parecido.

Nazareth marcou essa virada em sua carreira. Gil interrompeu a fase de acidentes e mesmo não sendo ainda um especialista em ovais curtos, fez uma grande corrida, chegando em quarto lugar. Na sua frente somente os feras Paul Tracy, Michael Andretti e Al Unser Junior. Uma pane de combustível na antepenúltima volta o tirou da briga pela vitória nas últimas voltas no Rio de Janeiro. O primeiro pódio veio em Madison, conseqüência da estratégia de pits da Walker. Ferran parou quatro vezes, mesmo número do vencedor Tracy. Até a última volta, Gil estava atrás de Zanardi. Então ele fez a ultrapassagem na entrada da reta, faltando poucos metros para bandeirada. Mais um bom resultado em Milwaukee ao chegar em sétimo.

Pela segunda vez no ano, Gil largou pole position, agora em Detroit. Depois de liderar 27 voltas, e ser prejudicado pelas bandeiras amarelas, acabou em terceiro ao ultrapassar Roberto Moreno a 200 metros do fim. Por 50 metros, ou 27 milésimos de segundo, deixou de vencer em Portland, ao ser superado por Mark Blundell quase na linha de chegada, numa das mais espetaculares corridas da história da Indy. Ferran ficou desapontado por perder a segunda prova seguida nas voltas finais, enquanto Zanardi se vingou da derrota do ano anterior, no GP de Cleveland, ao ultrapassar Gil a seis voltas do fim, quando o brasileiro poupava combustível. Mesmo assim ele tinha bons motivos para comemorar: o brasileiro assumia o terceiro lugar no campeonato.

Na etapa de Toronto ele abandona na 40ª volta com problemas nos freios, vendo as chances de título se distanciando aos poucos. Gil termina em terceiro as 500 milhas de Michigan, ao ultrapassar Tracy, até então líder do campeonato, nas últimas voltas. Com muito esforço e dedicação, Ferran mostrou que agora era um forte adversário também nos ovais. Um erro ao sair dos pits, deixando o carro rodar e o motor apagar, numa tentativa de evitar bater em Greg Moore quando era o quarto, fizeram Gil cair para a vigésima posição na corrida de Mid-Ohio. Ele conseguiu se recuperar para chegar em sexto. Enquanto isso, Alessandro Zanardi, vencendo em Mid-Ohio, estava cada vez mais próximo de ser o campeão. O italiano venceria novamente em Elkhart Lake, a quinta vitória na temporada.

Caso Alessandro Zanardi ganhasse em Vancouver com pole e liderando o maior número de voltas, seria campeão com antecedência de duas provas. Depois da corrida, Ferran, que completou o pódio em terceiro, terminou à frente de Zanardi, e reassumindo a vice-liderança no campeonato, culpou os pneus Goodyear pela falta de vitórias naquela temporada, mesmo com os incessantes esforços dele e da Walker. Além disso, o brasileiro sofria com o pedal do freio que teve o curso alongado e tocava o chão e com dores no pescoço, resultado de forte pancada no muro nos treinos. As chances de título só se manteriam com maus resultados do italiano nas corridas finais.

Em Laguna Seca, Gil fez uma atuação discreta, em razão de sérios problemas com o carro e os pneus, e chegou em quinto, garantindo o vice-campeonato. Enquanto isso, Zanardi termina corrida em terceiro lugar e se torna campeão. A primeira vitória pela Walker parecia certa nas 500 milhas de Fontana. Porém, o motor Honda do carro perde potência a partir da 220ª volta e ele caiu do segundo lugar para acabar em sexto lugar.

Mesmo não vencendo corridas, Ferran não teve motivos para reclamar. Apesar de não dispor de um equipamento capaz de brigar em igualdade com a Ganassi, ele se aproveitou dos erros dos outros pilotos para obter dois segundos e cinco terceiros lugares e duas poles. Ficava a esperança de que o melhor entrosamento com a Walker aliado a muito trabalho para desenvolver o equipamento, como ocorreu na época da Hall, o levasse uma condição real de disputar o campeonato em 1998.