sábado, 3 de maio de 2008

Isto é Indianápolis



Por Vanderson Castilho

Finalmente estamos em maio. Este é o mês das mães, das noivas, do trabalhador etc. E no automobilismo, esse mês é lembrado pelo maior evento mundial da modalidade: as 500 milhas de Indianápolis.

O que existe de especial nessa corrida? São mais de 250 mil de torcedores que comparecem no último domingo de maio para verem 33 pilotos e seus carros, tratando-os como heróis, lutando pela glória máxima de cruzar em primeiro lugar ao fim de 200 voltas e levar o belíssimo troféu "Borg & Warner", para ter seu rosto eternamente estampado nele.

Só para se ter uma idéia da importância desse evento, pilotos de todos os cantos do mundo sonham com um lugar no grid, como se estivessem em uma peregrinação de um mês inteiro à procura do Santo Graal nas Colinas de Golan. Mas aqui, as Colinas de Golan não ficam na Palestina ocupada, e sim, no estado de Indiana, nos Estados Unidos, e o Santo Graal é o troféu, onde o cálice é a garrafa de leite que o piloto bebe para saborear o gosto da vitória nas 500 milhas.

Essa busca, porém, já foi muito mais frenética do que é atualmente, devido a algumas mudanças de regulamento que se revelaram catastróficas. A edição deste ano, porém terá um número de inscritos superior ao visto nas últimas. Com a inclusão do mexicano Mario Dominguez junto com a equipe Pacific Coast, temos até o momento, 40 carros inscritos, o maior número desde que Tony George criou a IRL em 1996.

A corrida existe desde 1911, mas o Brasil só foi participar da festa em 1984, quando Emerson Fittipaldi alinhou seu March Cosworth número 47 na vigésima terceira posição do grid, um carro branco com detalhes roxo e rosa. No mesmo ano, uma Boy Band que estava arrebentando nas paradas norte-americanas, mas ainda desconhecida do público brasileiro, criou uma música chamada "Indianápolis", ressaltando o clima e a festa que é a corrida. O nome da banda? Menudos.

Depois de Emmo, vieram outros brasileiros, mas só em 1989, naquela vitória inesquecível de Emerson, com Al Unser Jr. parando no muro, é que o Brasil finalmente se renderia ao charme da corrida. Outros pilotos de nacionalidades diferentes vieram e passaram a duelar contra os heróis locais. Os norte-americanos passaram a acostumar com nomes diferentes. Só o Brasil teve mais quatro vitórias depois dessa conquista de Emerson e três poles positions na corrida.

Mas o que leva o piloto e o público a idolatrar uma corrida que só acontece uma vez por ano? As populações locais, que faturam com lembranças, cervejas, aluguéis de suas casas. Atrações diversas, como mulheres exibindo seus seios e intercâmbios de torcedores de diversas nacionalidades. Os pilotos, talvez não tão badalados aqui como os pilotos da Fórmula 1, lá eles são verdadeiros reis, cujos carros são ornamentados como antigas carruagens romanas. Mas por que então esses pilotos não são tão badalados fora dos Estados Unidos? Buddy Lazier, ao vencer a edição de 1996, tentou explicar: "Indianápolis é um local único. Não precisa de astros!". Talvez porque a corrida já fabrique seus próprios astros.

Mas uma coisa é certeza: não importa o vencedor, o público sempre repetirá esse ciclo, lotando o autódromo para ver 33 pilotos e suas respectivas máquinas acelerando para chegar à glória máxima de vencer a maratona com mais de três horas de corrida. Porque isto é Indianápolis.

Vencedores das últimas edições das 500 milhas de Indianápolis
1995 - Jacques Villeneuve (CAN/Reynard Ford Cosworth)
1996 - Buddy Lazier (EUA/Reynard Ford Cosworth)
1997 - Arie Luyendyk (HOL/G-Force Aurora)
1998 - Eddie Cheever (EUA/Dallara Aurora)
1999 - Kenny Brack (SUE/Dallara Aurora)
2000 - Juan Pablo Montoya (COL/Dallara Oldsmobile)
2001 - Hélio Castro Neves (BRA/Dallara Oldsmobile)
2002 - Hélio Castro Neves (BRA/Dallara Chevrolet)
2003 - Gil de Ferran (BRA/G-Force Toyota)
2004 - Buddy Rice (EUA/G-Force Honda)
2005 - Dan Wheldon (ING/Dallara Honda)
2006 - Sam Hornish Jr. (EUA/Dallara Honda)
2007 - Dario Franchitti (ESC/Dallara Honda)

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