quinta-feira, 17 de abril de 2008

Indy 2008: 2ª etapa - GP de São Petersburgo


Graham Rahal vence em São Petersburgo e entra para a história.

2ª etapa - GP de São Petersburgo
Estreante Graham Rahal vence GP de São Petersburgo
Aos 19 anos e 93 dias, filho do campeão Bobby é o mais jovem a ganhar na categoria; Castro Neves lidera

A etapa de São Petersburgo da Indy foi histórica em vários sentidos. A começar pelo vencedor. Em sua primeira corrida na categoria, o norte-americano Graham Rahal, 19 anos, tornou-se o mais jovem piloto a vencer uma prova da categoria, contabilizado os históricos da Indy pré-cisão e da IRL. O filho do ex-piloto Bobby Rahal foi o responsável por outra marca importante: pela primeira vez, uma equipe da Champ Car, a Newman Haas Lanigan, saiu-se melhor na Indy reunificada. Graham não correu em Homestead, já que bateu nos testes e não tinha peças suficientes para disputar a etapa de abertura. Em São Petersburgo, porém, teve tudo a seu favor, principalmente o fato de a corrida terminar no limite de duas horas, e não por voltas. Caso contrário, teria de parar nos boxes para reabastecer e perderia a ponta. Em uma pista que começou molhada e foi secando com o tempo, a pilotagem do jovem nas ruas da cidade da Flórida foi irretocável. Ainda mais em uma etapa tão disputada e cheia de alternativas. "É impossível imaginar algo melhor do que isso", disse Graham, quarto piloto da história a vencer na estréia, o último havia sido Scott Dixon, em 2003. A prova começou sob bandeira amarela por causa da chuva, e a largada real foi dada apenas na 11ª volta. Dois brasileiros completam o pódio: Hélio Castro Neves, da Penske, acabou em segundo após ter largado em quarto, e Tony Kanaan, da Andretti Green, terminou em terceiro depois de ter partido da pole. Ambos fizeram seus primeiros pit stops logo na primeira bandeira amarela, o que os jogou para trás inicialmente. A quarta posição ficou com um surpreendente Ernesto Viso, da HVM. O venezuelano, também de equipe ex-Champ Car, chegou a liderar a corrida. Outro brasileiro, Enrique Bernoldi, da Conquest, fechou os cinco primeiros e mais uma vez mostrou que trabalha bem em circuitos de rua. Na Fórmula 1, em seus anos de Arrows, o paranaense teve um duelo histórico com o escocês David Coulthard, que, com uma McLaren, não conseguia ultrapassá-lo em Mônaco. Também representante do Brasil, Mário Moraes, da Dale Coyne, terminou em 16º, a uma volta do líder. Os demais brasileiros abandonaram. Vitor Meira, da Panther, vinha bem quando, já no fim da prova, foi tocado pelo parceiro de Bernoldi, o francês Franck Perera. Bruno Junqueira, companheiro de Moraes, ficou pelo caminho.

Graham comemora vitória na primeira corrida
Se a Indy queria um clima mais "família" após a união entre IRL e Champ Car, ela conseguiu com a vitória de Graham Rahal em São Petersburgo. Após se tornar o piloto mais jovem a vencer na categoria, o piloto de 19 anos comemorou bastante com o pai, Bobby Rahal. E isso gerou uma situação curiosa, pois Graham corre pela Newman Haas Lanigan e Bobby chefia a Rahal Letterman, que disputava a vitória até a última volta, quando acabou o etanol de Ryan Hunter-Reay, segundo colocado na ocasião. "Após ter sido atingido por Will (Power) na chuva, o começo da corrida foi difícil", afirmou. E tem mais, esta foi à primeira prova de Graham na Indy: ele não disputou a etapa inicial, em Homestead, por problemas físicos. "Não poderia ter um sabor melhor, vencer na primeira corrida. Tivemos ritmo e nos distanciamos. Foi maravilhoso". Porém, não foi fácil. No fim da prova, o estreante teve de lidar com a pressão do brasileiro Hélio Castro Neves, da Penske. "Sabia que tinha ritmo e que venceria se tivesse calma. Estava poupando combustível radicalmente e não pouparia, se fosse necessário". O pai babão se divertiu com a conquista. "Você acha que ele vai ouvir algum conselho meu depois disso? Ele acha que sabe tudo, agora; disputou uma corrida maravilhosa e a equipe dele está de parabéns". Por fim, Bobby brincou sobre as chances de seu filho defender sua equipe: "Posso contratá-lo, mas não tenho recursos para pagá-lo".

Rahal quebra jejum de família e bate recorde
Graham Rahal voltou a colocar o sobrenome de sua família no alto do pódio da Indy pela primeira vez após um jejum que durava mais de 15 anos. Seu pai, Bobby, correu até o fim da temporada de 1998, mas conquistou sua última vitória no dia 4 de outubro de 1992, no circuito de Nazareth, quando competia pela então Rahal Hogan na Fórmula Indy "original", antes da ruptura entre a então Cart (que se tornou Champ Car) e a IRL. O representante da nova geração da família Rahal também se tornou o piloto mais jovem a vencer na categoria, com 19 anos, três meses e dois dias. Seu pai venceu a primeira aos 29, no GP de Cleveland de 1982, pela Truesports. A marca de Rahal permanece quando relacionados os "tempos áureos" e todas as divisões da categoria. Antes da separação, Troy Ruttman vencera as 500 milhas de Indianápolis de 1952 aos 22 anos. Com a mesma idade, Greg Moore conquistou o GP de Milwaukee da Cart de 1997. Já na IRL, o recorde era de Marco Andretti, que terminou em primeiro o GP de Sonoma de 2006, aos 19 anos, cinco meses e 14 dias.

Castro Neves assume liderança do campeonato
Segundo colocado em São Petersburgo, Hélio Castro Neves deixou o circuito com outro motivo para comemorar: com o resultado, é o novo líder do campeonato, com 72 pontos, dez a mais que Scott Dixon. "Para o campeonato, este segundo lugar valeu muito", afirmou o brasileiro da Penske, que elogiou o trabalho da equipe. "Não venci por pouco. A equipe fez tudo o que era possível para acertar esse carro e estou muito feliz em fazer parte desse time. Mas nos trechos de baixa velocidade, eu não conseguia dar o bote para a ultrapassagem", completou.

Terceiro colocado, Kanaan fala em "maldição"
Pole position do GP de São Petersburgo, rebaixado a coadjuvante após uma estratégia arriscada de pit stops da Andretti-Green, Tony Kanaan disse que a prova foi complicada. "Foi uma corrida difícil, e com certeza somamos pontos importantes. Um pódio não é tão ruim, embora a perspectiva fosse de vitória. O terceiro lugar veio para não frustrar o nosso final de semana, mas parece que essa posição é a minha sina aqui em São Petersburgo", disse o brasileiro, que repetiu o resultado de 2007 e 2006. "Parece uma maldição: fui ao pódio em todas as corridas que eu fiz aqui, mas sempre no lugar errado", completou o baiano.

Junqueira deixa corrida, mas exalta evolução
Bruno Junqueira, que largou da última posição do grid em São Petersburgo, abandonou na 44ª volta. O brasileiro da Dale Coyne revelou que um problema de câmbio o impediu de terminar a corrida. Apesar do contratempo, Junqueira avaliou de forma positiva o desempenho da equipe. "Foi um fim de semana complicado, com problemas tanto na qualificação quanto na corrida, mas prefiro destacar o lado positivo", falou o piloto. "Todas as equipes vindas da Champ Car tiveram uma melhor performance. Fomos realmente competitivos, cheguei a andar entre os dez melhores nos treinos. Aprendemos bastante sobre o carro e tivemos um acerto bastante satisfatório. Foi uma pena a corrida ter terminado com a quebra do câmbio, pois estávamos em situação favorável para um bom resultado", destacou.

Meira classifica erro de Perera como "imbecil"
Vitor Meira ficou muito irritado com Franck Perera após o GP de São Petersburgo. Tudo por causa de uma tentativa de ultrapassagem do francês em cima do piloto da Panther, no fim da prova. Ao tentar ganhar a posição, Perera acertou a roda esquerda do carro do brasileiro, deixando-o atravessado na pista. Para completar, Meira ainda foi atingido por Ed Carpenter. "Que erro imbecil! Como que o Franck achou que conseguiria passar? Coisa de novato mesmo, de quem não sabe o que está fazendo em um circuito de rua", afirmou Vitor. "Para passar aqui, é preciso estar lado a lado, e não só com o bico do carro por dentro. É revoltante", concluiu.

Bernoldi, quinto, fala que experiência ajudou
Enrique Bernoldi comemorou o quinto lugar em São Petersburgo. O brasileiro se aproveitou do fato de conseguir ter trocado de pneus no momento certo, após ter largado em 18º lugar, e somou 30 pontos no campeonato, alcançando a 11ª colocação na classificação geral. "Foi uma grande prova! Tenho experiência em corridas com a pista variando entre molhada e seca, por isso sabia que, se conseguisse me manter na pista, teria condições de fazer uma boa prova e lutar por um bom resultado", explica o piloto da Conquest. Bernoldi, inclusive, chegou a ocupar a primeira colocação por algumas voltas, mas precisou fazer o seu segundo pit stop, retornando na sétima colocação. "Terminar em quinto e liderar por algumas voltas, após não ter me saído bem no oval de Homestead, me deixa muito satisfeito. A equipe fez um grande trabalho", finalizou Bernoldi.

Por toques na corrida, Moraes culpa os freios
Pela segunda vez seguida, Mario Moraes conseguiu terminar uma corrida da Indy. O piloto da Dale Coyne, que estreou no campeonato, terminou o GP de São Petersburgo em 16°, uma volta atrás do vencedor, o norte-americano Graham Rahal, da Newman Haas Lanigan. Como não podia deixar de ser, o brasileiro enfrentou dificuldades em mais uma pista desconhecida: toques e paradas nos boxes para cumprir punição e reparar danos no carro deixaram o brasileiro bem distante das disputas por posições. Duas dessas colisões foram com pilotos da Andretti Green, Mario Andretti e Danica Patrick. E ambas foram provocadas pelo mesmo motivo: freios mal-balanceados. "Foi uma corrida bem tumultuada. Infelizmente, tive problemas no balanceamento dos freios e isso ficou claro quando o Marco Andretti rodou na minha frente. Quando freei, os pneus dianteiros bloquearam e fui parar nos pneus, com a asa dianteira quebrada. Tive de entrar nos boxes, que estavam fechados, e fui punido", justificou o paulista de 19 anos. "Foi uma pena o que aconteceu, pois tinha ultrapassado cinco carros e nossa esperança era terminar entre os dez", lamentou Mario, que também comentou sobre o incidente com Patrick: "Com a Danica, aconteceu o mesmo: fui ultrapassá-la, os pneus travaram e perdi o controle". Passados os problemas, Moraes conseguiu atingir um ritmo considerável, mas passou o resto da prova tendo de abrir passagem a pilotos mais rápidos. "A pista começou a secar e parei tarde, o que custou posições, mas o carro passou a render bem com os pneus e pude recuperar o tempo perdido". Depois de duas etapas bem distintas, Mario fez uma análise positiva de sua estréia. "Foi um começo bem difícil, pois nunca estive em um oval e a corrida foi à noite. Depois, fui para uma pista de rua com um carro bem mais forte que o da Fórmula 3 e, para ajudar, choveu. Mas deu para aprender bastante". E o brasileiro terá de ter mais paciência na próxima etapa, pois competirá com a turma da Champ Car em um carro com motor turbo e outro chassi, totalmente diferente. "Não conheço o carro da Champ Car, então Long Beach será uma prova bem mais complicada", encerrou.

GP de São Petersburgo
2ª etapa - 06/04/2008
Circuito de rua com 1,806 milha
São Petersburgo - Flórida (Estados Unidos)
1) Graham Rahal (EUA/Newman Haas Lanigan), 2h00min43s5562
2) Hélio Castro Neves (BRA/Penske), 3.5192
3) Tony Kanaan (BRA/Andretti Green), 5.5134
4) Ernesto Viso (VEN/HVM), 8.8575
5) Enrique Bernoldi (BRA/Conquest), 9.6360
6) Hideki Mutoh (JAP/Andretti Green), 10.0071
7) Oriol Servia (ESP/KV), 11.2871
8) Will Power (AUS/KV), 12.8493
9) Justin Wilson (ING/Newman Haas Lanigan), 14.3598
10) Danica Patrick (EUA/Andretti Green), 16.7298
11) A.J. Foyt IV (EUA/Vision), 20.8319
12) Dan Wheldon (ING/Ganassi), 24.7800
13) Darren Manning (ING/Foyt), 45.8601
14) Jay Howard (ING/Roth), 82 voltas
15) Buddy Rice (EUA/Dreyer & Reinbold), 82 voltas
16) Mario Moraes (BRA/Dale Coyne), 82 voltas
17) Ryan Hunter-Reay (EUA/Rahal Letterman), 81 voltas
18) Ed Carpenter (EUA/Vision), 80 voltas
19) Vitor Meira (BRA/Panther), 75 voltas
20) Franck Perera (FRA/Conquest), 75 voltas
21) Townsend Bell (EUA/Dreyer & Reinbold), 75 voltas
22) Scott Dixon (NZL/Ganassi), 74 voltas
23) Ryan Briscoe (AUS/Penske), 56 voltas
24) Bruno Junqueira (BRA/Dale Coyne), 44 voltas
25) Marco Andretti (EUA/Andretti Green), 41 voltas
26) Marty Roth (CAN/Roth), 0 volta

A classificação da Indy após duas etapas
1) Hélio Castro Neves (BRA/Penske), 72 pontos
2) Scott Dixon (NZL/Ganassi), 62
3) Tony Kanaan (BRA/Andretti Green), 59
4) Graham Rahal (EUA/Newman Haas Lanigan), 53
5) Marco Andretti (EUA/Andretti Green), 53
6) Dan Wheldon (ING/Ganassi), 53
7) Danica Patrick (EUA/Andretti Green), 48
8) Ernesto Viso (VEN/HVM), 45
9) Oriol Servia (ESP/KV), 44
10) Enrique Bernoldi (BRA/Conquest), 42
11) Ed Carpenter (EUA/Vision), 42
12) A.J. Foyt IV (EUA/Vision), 41
13) Hideki Mutoh (JAP/Andretti Green), 40
14) Ryan Hunter-Reay (EUA/Rahal Letterman), 39
15) Justin Wilson (ING/Newman Haas Lanigan), 37
16) Will Power (AUS/KV), 34
17) Buddy Rice (EUA/Dreyer & Reinbold), 34
18) Darren Manning (ING/Foyt), 34
19) Vitor Meira (BRA/Panther), 32
20) Franck Perera (FRA/Conquest), 28
21) Jay Howard (ING/Roth), 28
22) Mario Moraes (BRA/Dale Coyne), 28
23) Ryan Briscoe (AUS/Penske), 24
24) Bruno Junqueira (BRA/Dale Coyne), 24
25) Marty Roth (CAN/Roth), 17
26) Milka Duno (VEN/Dreyer & Reinbold), 12
27) Townsend Bell (EUA/Dreyer & Reinbold), 12

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