Por Gustavo Lovatto
Nos dias 18, 19 e 20 de abril ocorrerá o final de semana mais bizarro do automobilismo em sua história de mais de 100 anos: Uma mesma categoria (Fórmula Indy) correrá em dois lugares diferentes. As equipes que formavam a IRL correrão no oval de Motegi com os times que já estavam lá antes da "unificação", junto com a Beck/Wellman, e no circuito de rua de Long Beach, onde estarão os times que vieram da Champ Car e outros times da antiga categoria que não se uniram ao novo campeonato.
A prova de Long Beach marcará oficialmente o triste fim da Champ Car. A categoria começou oficialmente em 1979, quando a Cart (Championship Auto Racing Teams) assumiu o controle da F-Indy que na época era gerida pela Usac (United States Auto Club). O campeonato vinha com um crescimento de popularidade até que o brasileiro Émerson Fittipaldi, bicampeão de Fórmula 1, rumar para a Indy e ganhar o campeonato de 1989, abrindo as portas da América para os estrangeiros (o segundo não-estadunidense campeão da Indy foi o inglês Nigel Mansell, em 1993). Depois do título de Émerson, a Indy começou a se internacionalizar, começando com uma prova nas ruas de Surfer’s Paradise (1991). Porém, em 1994, Tony George cumpriu as ameaças que começou a fazer em 1991 e criou a IRL, levando para ela as 500 milhas de Indianápolis em 1996.
Até 2001, a Cart era a categoria mais forte: tinha os melhores times, os melhores pilotos, mais popularidade no mundo, mais corridas, etc. Porém em 2000 o futuro começou a ficar nebuloso, com a saída de Andrew Craig (presidente da Cart, considerado um dos principais responsáveis pelo crescimento da série). A temporada de 2000 ainda transcorreu em paz. Porém em 2001, depois da malfadada 600 milhas do Texas, teve o estopim da decadência da Cart.
Então em 2002 já estavam visíveis os sinais da crise. Com o agravamento da insolvência em 2003 a Cart foi obrigada a declarar falência. O espólio foi disputado ferrenhamente na justiça entre Tony George (que assumiria somente alguns contratos de corridas e as equipes) e o grupo OWRS (Open Wheel Racing Series) que se comprometeu a manter o campeonato e saldar das dívidas contraídas pela Cart, o que fez o juiz Frank Otte, do Tribunal de Falências de Indianápolis, aceitar a venda da série para a OWRS.
Entre 2004 e 2006 a Cart, agora renomeada Champ Car, conseguiu se recuperar, enquanto a IRL perdia terreno e encolhia. Porém, a maior rival de ambas era a Nascar, que já abocanhava uma parcela considerável do mercado estadunidense.
Finalmente chegamos em 2007, que prometia ser o ano da temporada da reabilitação definitiva da Champ Car: haveria um novo chassi (o DP01 produzido pela norte-americana Panoz), retornava a expansão da categoria para vários mercados internacionais (com provas na Bélgica, Holanda e China, sendo a última cancelada por falta de patrocinadores) e algumas mudanças no regulamento esportivo que faziam crer que a categoria estava indo para o caminho certo. Infelizmente os custos do novo chassi impediram a entrada de novos times (somente a Pacific Coast Motorsports fez sua estréia) e o orçamento das equipes ficou comprometido, impedindo a formação de um grid superior a 17 carros.
No final de dezembro, ocorreu uma proposta de Tony George para "unificar" as categorias: George ofereceu um incentivo de US$ 1,2 milhões para as equipes da Champ Car, além de motores da Honda e chassis Dallara de sem custo algum, como era feito com todas as outras equipes que já disputam a IRL e adicionaria algumas provas do calendário da Champ Car ao da IRL. A proposta não foi aceita pela OWRS e o assunto ficou quieto por algum tempo.
Então, quando as categorias já tinham definido seus calendários e rumavam para a definição de seus grids, uma nova proposta de Tony George pela categoria ocorreu. Kevin Kalkhoven, sócio-majoritário do OWRS (trio formado por ele, Gerald Forsythe e Paul Gentilozzi) aceitou a proposta, ocorrendo a "unificação" (o que foi mais uma absorção da CC pela IRL). Houve um enorme racha entre os membros da OWRS que na reunião que anunciou o acordo, apenas Kevin Kalkhoven compareceu.
Só que surgiu um grande problema: das três provas que George prometeu incorporar, existia conflito de datas entre o GP de Motegi, no Japão e o GP de Long Beach, que seriam disputados no mesmo final de semana. Ficou definido que as duas provas ocorreriam com ambas valendo para o campeonato da "unificada Indy". No Japão, correriam os times da IRL e Long Beach os times oriundos da Champ Car e as equipes do certame que não se transferiram.
O que deixa embaraçosa a situação para Tony George é que foram confirmados 20 carros para Long Beach (veja a lista completa no texto "Grid cheio na última corrida da Champ Car"), enquanto somente 18 pilotos disputarão a prova de Motegi. A maioria dos ingressos para a prova de Long Beach já foram vendidos, garantindo o sucesso do Grande Prêmio, mas será o capítulo final do triste fim de uma grande categoria e a conclusão do fim de semana mais surreal que os fãs do automobilismo já presenciaram.
Nos dias 18, 19 e 20 de abril ocorrerá o final de semana mais bizarro do automobilismo em sua história de mais de 100 anos: Uma mesma categoria (Fórmula Indy) correrá em dois lugares diferentes. As equipes que formavam a IRL correrão no oval de Motegi com os times que já estavam lá antes da "unificação", junto com a Beck/Wellman, e no circuito de rua de Long Beach, onde estarão os times que vieram da Champ Car e outros times da antiga categoria que não se uniram ao novo campeonato.
A prova de Long Beach marcará oficialmente o triste fim da Champ Car. A categoria começou oficialmente em 1979, quando a Cart (Championship Auto Racing Teams) assumiu o controle da F-Indy que na época era gerida pela Usac (United States Auto Club). O campeonato vinha com um crescimento de popularidade até que o brasileiro Émerson Fittipaldi, bicampeão de Fórmula 1, rumar para a Indy e ganhar o campeonato de 1989, abrindo as portas da América para os estrangeiros (o segundo não-estadunidense campeão da Indy foi o inglês Nigel Mansell, em 1993). Depois do título de Émerson, a Indy começou a se internacionalizar, começando com uma prova nas ruas de Surfer’s Paradise (1991). Porém, em 1994, Tony George cumpriu as ameaças que começou a fazer em 1991 e criou a IRL, levando para ela as 500 milhas de Indianápolis em 1996.
Até 2001, a Cart era a categoria mais forte: tinha os melhores times, os melhores pilotos, mais popularidade no mundo, mais corridas, etc. Porém em 2000 o futuro começou a ficar nebuloso, com a saída de Andrew Craig (presidente da Cart, considerado um dos principais responsáveis pelo crescimento da série). A temporada de 2000 ainda transcorreu em paz. Porém em 2001, depois da malfadada 600 milhas do Texas, teve o estopim da decadência da Cart.
Então em 2002 já estavam visíveis os sinais da crise. Com o agravamento da insolvência em 2003 a Cart foi obrigada a declarar falência. O espólio foi disputado ferrenhamente na justiça entre Tony George (que assumiria somente alguns contratos de corridas e as equipes) e o grupo OWRS (Open Wheel Racing Series) que se comprometeu a manter o campeonato e saldar das dívidas contraídas pela Cart, o que fez o juiz Frank Otte, do Tribunal de Falências de Indianápolis, aceitar a venda da série para a OWRS.
Entre 2004 e 2006 a Cart, agora renomeada Champ Car, conseguiu se recuperar, enquanto a IRL perdia terreno e encolhia. Porém, a maior rival de ambas era a Nascar, que já abocanhava uma parcela considerável do mercado estadunidense.
Finalmente chegamos em 2007, que prometia ser o ano da temporada da reabilitação definitiva da Champ Car: haveria um novo chassi (o DP01 produzido pela norte-americana Panoz), retornava a expansão da categoria para vários mercados internacionais (com provas na Bélgica, Holanda e China, sendo a última cancelada por falta de patrocinadores) e algumas mudanças no regulamento esportivo que faziam crer que a categoria estava indo para o caminho certo. Infelizmente os custos do novo chassi impediram a entrada de novos times (somente a Pacific Coast Motorsports fez sua estréia) e o orçamento das equipes ficou comprometido, impedindo a formação de um grid superior a 17 carros.
No final de dezembro, ocorreu uma proposta de Tony George para "unificar" as categorias: George ofereceu um incentivo de US$ 1,2 milhões para as equipes da Champ Car, além de motores da Honda e chassis Dallara de sem custo algum, como era feito com todas as outras equipes que já disputam a IRL e adicionaria algumas provas do calendário da Champ Car ao da IRL. A proposta não foi aceita pela OWRS e o assunto ficou quieto por algum tempo.
Então, quando as categorias já tinham definido seus calendários e rumavam para a definição de seus grids, uma nova proposta de Tony George pela categoria ocorreu. Kevin Kalkhoven, sócio-majoritário do OWRS (trio formado por ele, Gerald Forsythe e Paul Gentilozzi) aceitou a proposta, ocorrendo a "unificação" (o que foi mais uma absorção da CC pela IRL). Houve um enorme racha entre os membros da OWRS que na reunião que anunciou o acordo, apenas Kevin Kalkhoven compareceu.
Só que surgiu um grande problema: das três provas que George prometeu incorporar, existia conflito de datas entre o GP de Motegi, no Japão e o GP de Long Beach, que seriam disputados no mesmo final de semana. Ficou definido que as duas provas ocorreriam com ambas valendo para o campeonato da "unificada Indy". No Japão, correriam os times da IRL e Long Beach os times oriundos da Champ Car e as equipes do certame que não se transferiram.
O que deixa embaraçosa a situação para Tony George é que foram confirmados 20 carros para Long Beach (veja a lista completa no texto "Grid cheio na última corrida da Champ Car"), enquanto somente 18 pilotos disputarão a prova de Motegi. A maioria dos ingressos para a prova de Long Beach já foram vendidos, garantindo o sucesso do Grande Prêmio, mas será o capítulo final do triste fim de uma grande categoria e a conclusão do fim de semana mais surreal que os fãs do automobilismo já presenciaram.
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