O triste destino de Gonchi
Por Wallace Michel
Em 11 de setembro de 1999, o automobilismo sul-americano sofria um duro golpe. A causa foi à morte do piloto uruguaio Gonzalo Rodriguez, ocorrida no circuito estadunidense de Laguna Seca, durante os treinos livres para a 17ª etapa da Champ Car na temporada daquele ano. Uma tragédia que interrompeu a ascendente carreira de quem aos 27 anos ele era considerado o melhor piloto de monopostos do seu país em todos os tempos e um dos sul-americanos mais cotados para ser uma das futuras estrelas do automobilismo mundial.
O cenário do drama foi à curva Saca-Rolha, considerada uma das mais difíceis e perigosas do mundo. Acredita-se que o Lola Mercedes Benz conduzido por Rodríguez tenha atingido o muro a uma velocidade de aproximadamente 250 km/h.
Inesperadamente o carro seguiu desgovernado até bater violentamente contra a proteção de pneus, encostada em um muro. Dalí tomou impulso para sair voando pelos ares e depois passar sobre um cartaz publicitário, caindo do outro lado com as rodas para cima dentro de uma vala.
As incríveis circunstâncias do acidente rapidamente mobilizaram as equipes de segurança. Com o pescoço quebrado e lesões cerebrais, Rodriguez foi levado ao Hospital da Comunidade de Monterey, de onde não regressou. Os treinos foram cancelados, sendo mantidos os tempos de sexta-feira, enquanto Roger Penske, dono do time pelo qual o uruguaio corria, retirava o carro de Al Unser Jr. da corrida. "Estamos chocados, isso nunca tinha ocorrido antes com a nossa equipe", comentou Penske.
A versão oficial apurou que foi o acelerador travado a causa do acidente. Ironicamente, na manhã anterior, em sua última conversa telefônica com Jorge, seu pai, Rodriguez já havia comentado sobre problemas com o acelerador ocorridos nos trabalhos iniciais na sexta-feira. Tudo indicava para um final de semana complicado, lhe confidenciou. "Não se preocupe, trate de se tranqüilizar e faça seu treino", lhe disse seu pai, que obviamente, foi um dos mais abatidos ao saber da terrível notícia.
"Não se preocupe, trate de se tranqüilizar e faça seu treino", lhe disse seu pai.
A morte de Rodriguez trouxe uma grande tristeza ao povo uruguaio. Ao ponto de lhe ser concedido um minuto de silêncio antes do início da partida de futebol entre o Nacional e Liverpool, no estádio Centenário. O presidente do país na ocasião, Julio Maria Sanguinetti, expressou suas condolências pelo desaparecimento de um grande esportista que se encontrava em seu melhor momento na carreira.
A dor cruzou o Rio da Prata, alcançando vários pilotos argentinos com quem Rodriguez havia feito amizade nas pistas européias. "Ele não merecia terminar assim, pois fez um grande esforço para estar aonde chegou", comentava Gaston Mazzacane, que havia sido seu companheiro de equipe em 1998 na equipe Astromega de Fórmula 3000. "A notícia me destroçou porque era um sujeito espetacular", lamentava um consternado Brian Smith.
Conhecido pelo apelido de "Gonchi", Rodriguez começou a correr de kart aos 13 anos, sendo campeão nacional. No ano seguinte, foi bicampeão e ainda venceu o campeonato sul-americano. Em 1988, estreou no automobilismo. Nos dois anos seguintes, foi bicampeão do campeonato nacional de Fórmula Renault. Em 1991, rumou para Fórmula 3 sul-americana e levou o prêmio de melhor estreante. Em 1992, iniciou na Espanha a sua trajetória européia ao se transferir para as Fórmulas Renault e Ford, aonde foi vice-campeão. Entre 1994 e 1996 correu na Inglaterra (Fórmula 3, Fórmula 2 e Fórmula Renault).
Ingressou na Fórmula 3000 em 1997. Em 1998, venceu em Spa-Francorchamps e Nürburgring, terminando o campeonato em terceiro. Em sua última temporada triunfou em Mônaco e com o segundo lugar, conquistado dias antes de morrer em Spa-Francorchamps, tinha assegurado ao menos o vice-campeonato, faltando uma etapa para o final. Seu desempenho rendeu-lhe várias propostas de testes na Fórmula 1 quando então aceitou o convite da Penske. No mês de agosto, em Detroit, havia estreado na Champ Car terminado na décima segunda colocação. A prova de Laguna Seca seria a sua última corrida na Champ Car naquela temporada. E quis o destino que fosse a última de sua vida.
O uruguaio, considerado um dos melhores desportistas do seu país, tentava se classificar para a corrida da Champ Car em Laguna Seca, Estados Unidos.
2 comentários:
Uma breve correção. O carro de Gonchi não era o Penske e sim o modelo Lola que a Penske usava naquele ano em razão da ruindade do PC27B. Abraço!
corrigido.
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