quinta-feira, 25 de junho de 2009

Galeria da Fama: Gil de Ferran (parte 1)

Gil de Ferran nasceu no dia 11 de novembro de 1967 na cidade de Paris, França. Seu pai, o engenheiro mecânico francês Luc de Ferran, estava estagiando na Renault, para desenvolver o projeto do Ford Corcel para a filial brasileira da gigante norte-americana. Com nove meses de vida já estava no Brasil.

Casado com a inglesa Angela Buckland desde 1993, pai de Anna Elizabeth e Luke, Gil é conhecido pela sua excepcional formação técnica, pois ele estudou engenharia, o que contribui para se tornar um brilhante acertador de carros, tendo com isso a admiração e a amizade de lendas do automobilismo como Jim Hall e Jackie Stewart. Ele também possui a fama de ser um sujeito educado e carismático mesmo aparentando ser calado e introvertido à primeira vista.

Com 5 anos, inspirado pelo sucesso do compatriota Emerson Fittipaldi, Gil começou sua carreira no kart no início dos anos 1980. Após ser campeão paulista e vice-campeão brasileiro da modalidade, ele foi para a Fórmula Ford brasileira em 1985, aonde se sagrou campeão em 1987, vencendo sete corridas. Voltado para tentar ser um piloto da Fórmula 1, ele ruma para Inglaterra correr atrás desse objetivo.

Em quatro anos, os resultados são positivos: terceiro colocado na Fórmula Ford em 1989, depois outra terceira posição, dessa vez na Fórmula Opel Lotus, além do Vice-campeão Inglês de Fórmula Vauxhall Lotus em 1990. Finalmente, em 1992, é campeão da Fórmula 3 Inglesa pilotando para a Paul Stewart Racing, equipe comandada pelo filho do tricampeão da Fórmula 1.

Então, em 1993, ele chegou à Fórmula 3000 Internacional, principal porta de acesso para a maior categoria do automobilismo mundial naquela época. Gil percebe que as dificuldades para se ter uma oportunidade na Fórmula 1 eram maiores do que ele imaginava, ainda mais porque ele não contava com grandes patrocinadores apoiando sua carreira, ao contrário do que ocorria com seu grande rival Rubens Barrichello, por exemplo.

Mesmo prestigiado entre os dirigentes das equipes pelo trabalho desenvolvido para a fabricante de chassis Reynard na Fórmula 3 e 3000, o máximo que Ferran conseguiu foi ter algumas conversas no fim de 1993 com Frank Williams para ser piloto de testes no lugar de David Coulthard. Infelizmente que acabou ficando com a vaga foi o piloto escocês. Testes ele só fez dois.

O primeiro, no final de 1992, foi pela Williams debaixo de chuva, o que não o possibilitou andar no limite do carro. O segundo teste em 1993 com a Arrows o resultado foi ainda pior. Depois de dar somente 20 voltas, ele bateu a cabeça em um caminhão quando rumava para os boxes, precisando levar pontos no ferimento e encerrando ali mesmo a avaliação.

Graças à indicação do amigo Jackie Stewart, o piloto transferiu-se para a Fórmula Indy, em 1995. O dirigente escocês conseguiu uma vaga na Hall, de Jim Hall, uma das principais equipes naquele momento, mas que nunca tinham alcançado resultados condizentes com a estrutura que possuíam. O fato de a equipe utilizar o chassi Reynard também ajudou na negociação.

Seu primeiro ano foi excelente para um estreante. Desde a primeira corrida, ele estava sempre nas primeiras posições, mesmo tendo muitos problemas na maioria das corridas, fruto quase sempre da inexperiência. Na estreia no circuito de rua de Miami, Gil faz melhor tempo na primeira sessão classificatória. Mas na prova, abandona com problemas na caixa de câmbio. Em Surfer's Paradise deixou escapar a chance de chegar numa boa posição ao ter de cumprir um "stop and go" no início da prova, quando lutava com Michael Andretti pelo primeiro lugar, pois queimara a largada.

No oval de Phoenix marca seus primeiros pontos, mesmo tendo rodado, ao ser o 11º colocado. Na corrida em Long Beach largou em terceiro e na largada assume a liderança logo na primeira curva. Depois se envolveu num acidente com Paul Tracy e outra vez não termina. Na quinta etapa do campeonato 1995, realizada na pista oval de Nazareth Gil sofre um forte acidente na 185ª volta. Ele estava passando o também brasileiro Raul Boesel por fora na curva dois, quando esse foi abrindo a curva, o colocando na parte suja do traçado, o jogando para fora. Sem controle, Gil chocar, com força, contra o muro de proteção, destruindo a lateral direita do seu carro.

Nas 500 milhas de Indianápolis, novamente o azar o acompanha. Na batida entre Stan Fox e Eddie Cheever, sua roda dianteira direita foi atingida por um pneu, e com isso saiu da prova. Finalmente, na milha de Milwaukee, um bom resultado. O oitavo lugar teve gosto especial, mesmo com a perda de potência e o alto consumo do motor Mercedes. As dificuldades retornam em Detroit, com Ferran enroscando com Christian Fittipaldi na 28ª volta e concluindo somente no décimo sexto lugar. Portland foi outro pesadelo. Na 75ª volta, quando era quarto, errou uma freada e perdeu posições. Depois, aproveitando-se de abandonos à sua frente, retomou a quarta colocação. Mas faltando duas voltas para o final, seu motor Mercedes quebrou. Acabou em décimo.

Na corrida de Elkhart Lake, Gil perdeu, ao menos, um lugar no pódio por erro de sua equipe. A Hall não fez o pit stop na 31ª volta, em bandeira amarela, preferindo reabastecer depois. E Ferran, líder naquele instante, perdeu posições, ficando fora da zona de pontuação. O piloto ainda saiu da pista, o que liquidou com qualquer chance de recuperação. Em Toronto, outro fracasso. A oito voltas da chegada, quando era o quarto, a embreagem quebrou. Mas o pior momento do ano ficou reservado para na 12ª etapa, disputada no aeroporto de Cleveland.

Gil de Ferran, largando na pole, liderava com folgados dez segundos sobre Michael Andretti quando, na 69ª volta, um acidente com Eric Bachelart causa uma bandeira amarela. Assim, os carros se enfileiram atrás do Pace Car, acabando com todo o esforço feito pelo brasileiro. Foi quando o norte-americano Scott Pruett interferiu no destino da corrida. Retardatário, com uma volta de desvantagem, ele estava entre Ferran e Andretti durante a relargada. Andretti e Gordon ultrapassaram Ferran e os dois se tocaram logo em seguida.

Em segundo, Gil atacava Andretti, com Pruett servindo de escudo. A quatro voltas do final, Pruett e Ferran superam Andretti. Não respeitando a sinalização dos fiscais de pista, o norte-americano não quer saber de dar passagem ao líder. Com isso Gil acerta o carro do amalucado retardatário numa curva, com ambos abandonando. Os dois discutiram asperamente na pista.

Nas 500 milhas de Michigan, atuação discreta e o décimo segundo lugar. Enquanto isso Pruett, o vilão da semana anterior, obtinha em Brooklyn sua primeira vitória na Indy, com uma vantagem de 0s056 sobre seu compatriota Al Unser Jr., após um duelo espetacular nas voltas finais. Em Mid-Ohio, depois de um começo de corrida excelente, quando foi ultrapassou Jacques Villeneuve para assumir segundo lugar, não terminou outra vez com o propulsor da Mercedes quebrado. No oval de New Hampshire começava a recuperação de Gil na tabela de classificação: terminou na sétima posição no dia em que André Ribeiro entrou para a história do nosso automobilismo como o primeiro piloto brasileiro a vencer uma corrida na Fórmula Indy depois de Émerson Fittipaldi.

O GP de Vancouver marca o primeiro pódio e melhor colocação na Indy desde que Gil de Ferran estreou na categoria. O piloto saiu da oitava colocação para chegar em segundo, valendo-se da estratégia de corrida criada pelos engenheiros da Hall. A maré de azar realmente tinha acabado. Na última etapa do campeonato, em Laguna Seca, Gil obtém a primeira vitória e título de estreante do ano. Largando em terceiro, o brasileiro assumiu a ponta na 29ª volta. Liderou a corrida por 54 das 84 voltas, fez dois pit stops precisos e graças à escolha por pneus de um composto mais duro e resistente, ele fez a corrida perfeita. Terminou o ano de 1995 como 14º colocado, acumulando 56 pontos.

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