Mais uma temporada encerra-se com muita emoção. Tivemos a disputa pelo título indefinida até as últimas voltas em Homestead. Um oitavo lugar bastou para que Dario Franchitti assegurasse o tricampeonato da Indy. Entretanto, o escocês quase perdeu o título, após quase se envolver num acidente com a estabanada Milka Duno. Novamente a dupla Ganassi e Penske dominou a temporada. E outra vez a equipe do Chip "Bolacha" Ganassi levou a melhor sobre a turma do Roger "Capitão" Penske. Enquanto a Ganassi estava com um acerto superior nas pistas ovais a Penske dominou na maioria dos mistos.
A maior esperança de vencer a competição residia nos ombros de Will Power que no derradeiro confronto sentiu a pressão de decidir o título com contra um adversário valente e experiente nos ovais. Pela impressionante recuperação a partir de Sonoma, Franchitti fez por merecer mais esse campeonato. Assim mesmo, não podemos negar que foi Power o piloto que mais se destacou durante todo o ano em virtude de sua total superioridade nos circuitos de rua e mistos. Além disso, ele que no início da temporada anterior estava desempregado e somente pelos problemas judiciais de Hélio Castro Neves conseguiu disputar algumas provas até sofrer um sério acidente nos treinos em Sonoma, e retornou em 2010 como um coadjuvante de Ryan Briscoe e de Castro Neves, mostrou seu valor ao desbancar a dupla na pista e conseguir unir toda a equipe ao seu redor.
Ao contrário de alguns críticos, defendo a manutenção da trinca de pilotos para 2011, principalmente porque teremos muito trabalho técnico e testes na tentativa de desenvolver o novo chassi, que dizem vai ter o desenho aerodinâmico feito pela própria Penske, além do retorno dos motores turbo, que serão fornecidos ao time pela Chevrolet, uma parceira histórica que está de volta a Indy. Todas essas mudanças visam ao campeonato de 2012.
Já pelos lados da Andretti Autosport a grande manchete foi à inesperada demissão de Tony Kanaan. Oficialmente, a razão foi que a 7-Eleven, rede de lojas de conveniência, não renovou o patrocínio ao carro de Tony para 2011. Então a Andretti achou melhor liberar o brasileiro para que pudesse negociar o quanto antes com outras equipes e diminuir as possibilidades de não voltar a correr. Outro que quase seguiu o mesmo rumo foi Ryan Hunter-Reay. Mas a vitória em Long Beach e o belíssimo desempenho em São Paulo garantiram a assinatura da renovação ainda em maio e dessa maneira o norte-americano ficará ainda mais duas temporadas com a Andretti.
O Tony carregou aquele time nas costas por quatro anos e ao que me parece os executivos da Andretti não queriam arcar com a multa contratual, pois eles ainda tinham dois anos pela frente, com salários anuais de US$ 3 milhões a serem pagos ao piloto. No momento não sabemos o que o futuro reserva ao brasileiro. Seria ótimo que ele fosse correr por uma equipe de ponta e dando uma resposta dentro da pista aos seus antigos aliados. Por consideração ao Michael ele perdeu uma oportunidade de correr pela Ganassi e como gratidão ele recebeu o bilhete azul. Não é de se admirar que eles tenham declinado tanto nas últimas temporadas.
Dario Franchitti fez o que tinha que fazer no Homestead Miami Speedway, última etapa da Fórmula Indy, para reivindicar o título de 2010 e uma premiação de U$S 1 milhão na noite de sábado do dia 2 de outubro. Infelizmente, para Will Power, as coisas não funcionaram como deveriam e assim ele viu suas chances de ser o novo campeão sumirem no escuro.
Em uma corrida cheia de tensão vencida pelo seu companheiro Scott Dixon, o escocês Franchitti conquistou o campeonato de Indy pela terceira vez, igualando-se a nomes consagrados como Al Unser, Rick Mears, Bobby Rahal e Sam Hornish Jr. Que noite fantástica tivemos. Um campeonato é decidido após 17 corridas em um duelo entre o melhor piloto em circuitos mistos e de rua contra o melhor nos ovais. Todos os ingredientes necessários estavam presentes para oferecer aos fãs uma corrida memorável. E no final das 200 voltas, o experiente Dario suplantou o jovem Power. Já na corrida quem ganhou as honras foi o segundo carro da equipe Ganassi com neozelandês conquistando sua terceira vitória da temporada.
Quando a bandeira verdade foi acionada, os companheiros de Ganassi mantiveram-se na frente, com Dixon servindo de escudo contra as investidas dos pilotos da Penske. Mas este domínio não durou muito tempo. Largando em oitavo no grid, Tony Kanaan veio abrindo caminho e logo ultrapassou Dixon. Enquanto isso, Will Power que vinha em quarto, perdia rendimento e logo caiu para nono. Na 35ª volta, Mário Moraes, que estava em oitavo, foi aos pits devido a um problema na coluna de direção. Quando retornou à pista, a coluna partiu, com seu carro indo de encontro ao muro.
Em seguida, ocorre a primeira janela de paradas para reabastecimento e troca de pneus. Nela, Kanaan errou ao colocar seu carro em ponto na saída da área de pits. Dessa maneira, caiu de segundo para quinto. Enquanto isso, Ryan Briscoe conseguiu sair de quarto para o segundo lugar graças ao excelente trabalho dos seus mecânicos, com Dixon se mantendo em terceiro. Power subiu duas posições, chegando à sétima posição.
A ação recomeça na 42ª volta, com o líder Franchitti acompanhando em seus espelhos as investidas de Briscoe. Por sua vez, Kanaan passa Dixon e Castro Neves e vai para terceiro. Power supera Viso e sobe para sexto. Três voltas depois, Bia Figueiredo encerrou prematuramente sua participação. Enfrentando problemas no câmbio, ela viu seu carro sair de traseira de repente e terminou no muro. A relargada movimentou o pelotão da frente: Briscoe, Kanaan e Dixon revezam-se na ponta. Contudo, em 14 voltas, Dario retornou a ponta. Nisso, Power já era o quarto. No entanto, nem mesmo se colocando nessa posição garantiria ao australiano o campeonato.
Quando Franchitti reassumiu a dianteira, foram 40 voltas sem grandes emoções. Nesse intervalo, o escocês aproveitou para garantir os dois pontos de bonificação por ter liderado o maior número de voltas na prova. No fim tamanha dedicação de Dario mostrou-se desnecessária. O motivo foi que Power, na 134ª volta, ao tentar superar o retardatário Ryan Hunter-Reay, deixou o carro escapar de frente e esfregar no muro da curva 4. Resultado: a suspensão traseira direita ficou torta, e ele teve de ir aos pits.
Imediatamente, seus mecânicos estavam ocupados no carro, e depois de substituir a barra estabilizadora da suspensão defeituosa, o australiano conseguiu voltar à pista. Entretanto, o sintoma ainda estava presente: o carro permanecia puxando para direita. Esse foi o fim das esperanças de título para Power que foi obrigado a desistir e ver seu rival das arquibancadas. Um momento cruel para o piloto que era o favorito ao título até alguns minutos antes.
Enquanto isso, Tony Kanaan, Bertrand Baguette e Ernesto Viso eram punidos por sair dos pits com o equipamento de reabastecimento ainda preso aos seus carros. Depois da longa bandeira amarela, mais uma interrupção, esta para retirar detritos. Com o rival fora da disputa, Franchitti passou a pilotar de maneira conservadora após retornar do reabastecimento. O resultado foi apenas uma formalidade para o escocês, exceto quando Milka Duno perdeu o controle do carro bem diante dos olhos do futuro tricampeão a 25 voltas da bandeirada.
No final da prova, Dixon e Kanaan vinham em primeiro e segundo, com Danica Patrick e Castro Neves no terceiro e no quarto lugares. Dixon e Hélio, por sua vez, tinham uma parada a menos. A piloto forçava muito para ultrapassar Kanaan, que dificultou a manobra ao máximo. Finalmente, na última volta, Danica conseguiu passar Tony. Na frente, continuou Dixon, completando a festa da Ganassi. Os dez primeiros lugares foram completados por Hélio Castro Neves, Ryan Briscoe, Vítor Meira, Marco Andretti, Dario Franchitti, Dan Wheldon e Graham Rahal. Raphael Matos, por sua vez, foi apenas o 17º colocado. Mário Moraes não completou a corrida. Enquanto aos estreantes, Alex Lloyd teve uma sólida atuação, levando a 12ª posição e o título de "Novato do Ano" em cima da suíça Simona Silvestro, que teve uma péssima corrida, completando o percurso na última posição.
GP de Miami 17ª etapa - 02/10/2010 Circuito oval de 1,502 milha Homestead Miami Speedway - Homestead, Flórida (Estados Unidos) 1) Scott Dixon (NZL/Ganassi), 200 voltas, em 2h04min04s4780 2) Danica Patrick (EUA/Andretti), 2s7587 3) Tony Kanaan (BRA/Andretti), 2s7698 4) Ryan Briscoe (AUS/Penske), 3s7827 5) Hélio Castro Neves (BRA/Penske), 5s3324 6) Vítor Meira (BRA/Foyt), 7s2126 7) Marco Andretti (EUA/Andretti), 8s3637 8) Dario Franchitti (ESC/Ganassi), 11s1401 9) Dan Wheldon (ING/Panther), 22s2521 10) Graham Rahal (EUA/Newman Haas), 199 voltas 11) Ryan Hunter-Reay (EUA/Andretti), 199 voltas 12) Alex Lloyd (ING/Dale Coyne), 199 voltas 13) Ed Carpenter (EUA/ Panther Vision), 199 voltas 14) Alex Tagliani (CAN/Fazzt), 199 voltas 15) Bertrand Baguette (BEL/Conquest), 199 voltas 16) Sebastian Saavedra (COL/Conquest), 199 voltas 17) Raphael Matos (BRA/De Ferran Dragon), 199 voltas 18) Takuma Sato (JAP/KV), 199 voltas 19) Ernesto Viso (VEN/KV), 198 voltas 20) Hideki Mutoh (JAP/Newman Haas), 198 voltas 21) Justin Wilson (ING/Dreyer & Reinbold), 198 voltas 22) Sarah Fisher (EUA/Fisher), 197 voltas 23) Simona de Silvestro (SUI/HVM), 197 voltas 24) Milka Duno (VEN/Dale Coyne), 170 voltas 25) Will Power (AUS/Penske), 143 voltas 26) Bia Figueiredo (BRA/Dreyer & Reinbold), 42 voltas 27) Mário Moraes (BRA/KV), 25 voltas
A classificação final da Indy após dezessete etapas
1) Dario Franchitti (Ganassi), 602 pontos 2) Will Power (Penske), 597 pontos 3) Scott Dixon (Ganassi), 547 pontos 4) Hélio Castro Neves (Penske), 531 pontos 5) Ryan Briscoe (Penske), 482 pontos 6) Tony Kanaan (Andretti), 453 pontos 7) Ryan Hunter-Reay (Andretti), 445 pontos 8) Marco Andretti (Andretti), 392 pontos 9) Dan Wheldon (Panther), 388 pontos 10) Danica Patrick (Andretti), 367 pontos 11) Justin Wilson (Dreyer & Reinbold), 361 pontos 12) Vítor Meira (Foyt), 310 pontos 13) Alex Tagliani (Fazzt), 302 pontos 14) Raphael Matos (De Ferran Dragon), 290 pontos 15) Mário Moraes (KV), 287 pontos 16) Alex Lloyd (Dale Coyne), 266 pontos 17) Ernesto Viso (KV), 262 pontos 18) Hideki Mutoh (Newman Haas), 250 pontos 19) Simona de Silvestro (HVM), 242 pontos 20) Graham Rahal (Newman Haas), 235 pontos 21) Takuma Sato (KV), 214 22) Bertrand Baguette (Conquest), 213 23) Milka Duno (Dale Coyne), 184 24) Mário Romancini (Conquest), 149 pontos 25) Mike Conway (Dreyer & Reinbold), 110 pontos 26) Sarah Fisher (Fisher), 92 pontos 27) Paul Tracy (Dreyer & Reinbold), 91 pontos 28) Ed Carpenter (Vision Panther), 90 pontos 29) Tomas Scheckter (Conquest), 89 pontos 30) Bia Figueiredo (Dreyer & Reinbold), 55 pontos 31) Jay Howard (Fisher), 44 pontos 32) John Andretti (Petty Andretti), 35 pontos 33) Sebastian Saavedra (Conquest), 29 pontos 34) Davey Hamilton (De Ferran Dragon), 26 pontos 35) J.R. Hildebrand (Dreyer & Reinbold), 26 pontos 36) Adam Carroll (Andretti), 26 pontos 37) Francesco Dracone (Conquest), 24 pontos 38) Townsend Bell (Sam Schmidt), 18 pontos 39) Bruno Junqueira (Fazzt), 13 pontos 40) Roger Yasukawa (Conquest), 12 pontos