domingo, 23 de maio de 2010

Coluna do Hyder - Fabio "Hyder" Azevedo

À honra do imolado

Estamos na semana dos treinos da Indy 500 visando o Pole Day. O campeonato precisou refrear a tradição e a programação oficial das 500 milhas de Indianápolis foi encurtado. Teremos apenas um final de semana de classificação. Muitos gostaram, pois a definição do grid ficou mais ágil e se gasta menos dinheiro. Particularmente, preferia o modelo antigo onde as estratégias eram menos óbvias existia a possibilidade para alguma estratégia diferente a usual. Entretanto, o automobilismo tornou-se um setor onde o dinheiro sobrepõe o interesse esportivo e a tradição, valores que estão fora de moda.

Lembrando as 500 milhas de 1996, primeira sob a chancela da IRL, um fato triste marcaria aquele evento. A fatalidade de Scott Brayton, no dia 17 de maio, numa sexta-feira. Ele havia garantido a pole, repetindo o feito de 1995, mas durante um treino livre, perdeu o controle do carro e encontrou o muro na curva 2, a 370 km/h, vindo a morrer. Segundo testemunhas, ele teve um pneu furado. O carro se desgovernou, rodou e percorreu cerca de 180 metros antes do choque. O acidente aconteceu às 14h17min.



Aquela temporada inaugural da IRL consistia em utilizar carros de outras temporadas da Cart, como os Reynards e os Lolas até 1994. Obviamente todo o procedimento foi feito para que a morte dele não fosse declarada na pista, mas no Centro Médico. Na época, Henry Bock, diretor-médico da pista, disse que eles retardaram o anúncio até que os membros de sua família pudessem ser notificados.

Brayton nunca foi um piloto de ponta na antiga Indy Car World Series. Porém era uma “figurinha” constante nas etapas desde 1981. Não pôde completar a honraria de largar na principal posição na corrida mais importante do planeta. Suas cinco primeiras aparições em Indianápolis foram com uma estrutura própria, usando chassis Penske e March. Depois correu com a Hemelgarn em três edições da corrida. A seguir vieram quatro participações ao lado da Simon, tendo como melhor resultado um sexto lugar em 1989. Contudo, seus maiores momentos foram como piloto da equipe Menard, em treinos sempre usando motores Buick, extremamente potentes, mas péssimos de durabilidade. Algumas equipes tinham acordos de se classificarem com motores Buick e na prova usavam para motores Chevrolet ou Cosworth.

Ele foi postumamente homenageado pela IRL como um troféu dado ao piloto que melhor representar o espírito de competição durante uma 500 milhas de Indianápolis. Até hoje 67 pilotos tiveram suas vidas ceifadas neste autódromo que ao mesmo tempo é tão amado quanto odiado. Outros sobreviveram e alguns ainda puderam voltar e triunfar nessa mítica pista. A dor de perder alguém querido é profunda, e não há palavras ou gestos que possam expressar este momento. O importante é que vivamos o dia de hoje com saúde e alegria, pois o amanhã somente a Deus pertence.

No instante em que finalizo a coluna, dois colegas de trabalho passam por momentos difíceis devido a perdas familiares. O primeiro perdeu a mãe de repente. O outro a filhinha, após longo sofrimento, em virtude de problemas pós-parto. Eles, mesmo com todas as dificuldades, jamais descarregaram a tristeza e a frustração sobre algum colega. Seguraram a barra, apesar do luto, com enorme profissionalismo. Esta é dedicada aos colegas Giovane Teixeira e Domingos Tondolo.

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